Incluídos ou Excluídos?!


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Texto inspirado pela leitura de:



CASTEL, Robert. As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. Ptrópolis: Vozes, 1998 (Introdução).


BUZATO, Marcelo. Entre a Fronteira e a Periferia: linguagem e letramento na inclusão digitalTese (Doutorado em Lingüística Aplicada) - Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007. (Capítulo 2)

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Quando me deparei com o tema “Inclusão Digital” (ID) no mesmo momento vieram a minha mente vários questionamentos:


Inclusão Digital seria saber usar um computador?
ID seria saber um computador com internet, ter um email?
ID seria ter um email, mas não usar o computador?
Eu sou  incluída digital?
Quem hoje na sociedade que vivemos não é incluído digitalmente?

Logo depois dessa enxurrada de perguntas vindas todas juntas em segundos, pensei em meu pai e em minha mãe. Meu pai é um excelente datilógrafo! Ele é corretor de imóveis há mais de 35 anos e desde pequena me lembro de ficar olhando ele “batendo” na máquina de escrever. Pequena, eu sonhava com o dia que teria minha própria máquina...! Hoje em dia fico pensando pra que?! Rsrsrs

Bom, ele era e ainda é um excelente datilógrafo, acredite em seu escritório ele ainda mantem sua máquina de escrever elétrica e até hoje a usa para emitir comprovantes de pagamento, etc. Mas eu quero chegar é no Digital, na inclusão digital! Mais ou menos no ano 2003 nós compramos nosso primeiro computador para casa, tarde, né?! Pois é, toda a discussão entre comprar ou não um computador estava em volta do escritório de meu pai. O computador iria para o escritório ou ficaria em casa? E eu só consegui convencer a família que o computador ficaria em casa quando eu disse: meu pai não sabe “mexer” no computador e nós (as filhas) sabemos!

Então, depois de família convencida e computador comprado comecei eu a me habituar com os pedidos do papai: “Filha, ‘bate’ esse contrato pra mim”, “Digito sim pai!” e ele sentava do meu lado e juntos íamos construindo o contrato. Depois de um tempo não mais bastou fazer os contratos, meu pai queria ter um email. Ele reconhecia a importância de um email e me pediu para fazer um pra ele. Prontamente o fiz e agora os pedidos eram duplos, “filha digita um contrato pra mim e ‘entra’ no meu email?”, “Tá bom painho...”

Até hoje meu pai mal sabe pegar no mouse, eu não moro mais com ele, casei, mas o secretário do escritório diariamente digita os contratos, relatórios, verifica o email e, acredite, imprime os e-mails para meu pai os ler. Eu pergunto: meu pai é excluído ou incluído digital?

Eu poderia relatar quase a mesma situação para minha mãe, que até já faz compras pela internet, mas que mal sabe operar a máquina sozinha. Ela é excluída ou incluída digital?

Êita conceito difícil de destrinchar! Mas vou tentar dar umas pinceladas no que fui descobrindo...

De acordo com Buzato, “inclusão e exclusão não são sinônimos de estar dentro e estar fora”. Então incluir, de acordo com essa perspectiva não é exatamente estar “dentro” do mundo digital, ou simplesmente ter acesso a ele, mas sim que este uso contínuo proporcione benefícios para a vida da pessoa.

Pensando desta forma até posso arriscar que meus pais, mesmo não tendo domínio do uso da máquina são sim incluídos digitais, pois conseguem usufruir do uso destes recursos. No caso, meu pai fazendo negócios e minha mãe fazendo compras! Hahahahaha

Deixando este caso de lado, acredito que incluir digitalmente é uma demanda social e citando a colega Ana Elisa, “é importante que as pessoas entendam a dinâmica e o poder da internet para a própria vida e a coletividade”. Isso sim é inclusão digital!

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